quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

Mundo preto paulistano- Salloma e Amailton Magno- pesquisa de campo 1995-1999


Muito chão, fumaça, fuligem nos olhos e pulmões e lama/chorume nos pés. Mas, todo dia, todo mês, todo ano um novo começo e tropeço. Presidente entra e cai, gente morre e nasce, uns partem pra longe, outros bem perto em silêncio. Quem perseguiu o paralama do sucesso e só achou beleza na queda do fracasso? Quem cismou com uma bandeira velha e fez dela um estandarte, uma mortalha, ou uma toalha de mesa? 


Quase sempre "O amor mal feito e depressa". Quem se colocou na defesa daquilo que era bem maior e o mais digno? Não todo  dia, sentar no meio fio e prantear só. Ministro, deputado, senador da república ou inspetor de alunos altamente alfabetizado. Pra quem se deve ligar quando se recebe a notícia que um irmão morreu? Quem se deixou ficar numa escola pública sustentando o mundo nos ombros? Andou de braços dados com manos e manas no meio dos escombros e corpos insepultos, quem? Se chorou, em silêncio obsequioso dançou em festas fúnebres, em lugares lúgubres e carnavais eivados de morbidez e solidão. Quem já foi a bola da vez, mas no dia certo não acordou, não foi, não deu e nem viu o brilho do ouro, a cor do metal mais vil. A amizade é um amor mais largo, um bem que lume no escuro, e que não precisa registro.


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