sexta-feira, 29 de setembro de 2017

REP Pós Racionáis Mc's



REP pós Racionais
Cultura musical jovem contemporânea  no Brasil.
Nova cena da musica REP ( Ritmo e poesia).
Muitos amigos perguntam porque ainda não escrevi nada sobre a nova cena Hip Hop e especificamente sobre os novos expoentes da música REP. Respondo de forma incipiente e inicial a esse desafio aqui. Continuo afirmando que aqui não tenho propósito acadêmico, ou seja, não é meu objetivo discutir a Cultura Musical em uma perspectiva teórica, muito embora aqui a ali se possa o identificar elementos das teorias sociológica e antropologica da cultura no pensamento que desenho aqui. É importante frisar que quando isso ocorre, vem de maneira não intencional, mas por vício dos ofícios que abracei.      
Estão livres da estética, da poética e da ideologia criada e veiculada pelo grupo racionais.
O grupo Racionais criou um patamar de altíssimo nível em termos de musicalidade juvenil e periférica, entretanto se tornou um escola musical, que involuntariamente condicionou e empobreceu a produção musical brasileira por uns dez anos, por isso Ellen, Hachid, Projota, James Banto, devem ser comemorados, ouvidos e compreendidos sem a subestimação que a minha geração adotou em relação a GOG, MVBill, Racionais, Pavilhão Nove, DMN, Potencial 3, Thaide e DJHum, .
Explicando melhor, a imagem de Racionais foi absorvida de tal forma pelos jovens que sonhavam com um espaço social através da musica que se tornaram um modelo a ser imitado, reproduzido, imitado. A coerência apresentada pelo discurso, musica, batida e imagem do Grupo dificilmente pode ser imitada sem se tornar uma caricatura pelos grupos posteriores, porque acho que foi fruto de um conjunto de fatores interno ( características e habilidades pessoais dos componentes do grupo) e fatores externos: contexto social, mudança dos habito de consumo da população jovem e pobre, emergência dos movimentos sociais negros na agenda política e seu impacto na esfera pública. Encontro e trocas simbolicas entre lideranças do Movimento Social Negro e lideranças do Movimento Hip Hop.                    
Um luta interna acontece simultaneamente no âmbito da cultura contemporânea, a disputa entre mercado de consumo cultural (espetáculo, entretenimento, lazer, comunicação, estilo de vida, etc) e contra-cultura ( coletivos, bandos, sócio-experiências, transculturas, mini-revoltas, etc) a juventude e a principal personagem dessa historia e habita os dois lados dessa luta. São jovens que hoje estão no comando de editoras, gravadoras, empresas de entretenimentos e comunicação em geral e no lado inverso, no mundo do consumo (mesmo em sociedades fragilmente inseridas no mercado global), são jovens promotores e vítimas da violência urbana, são jovens os ativistas mais incisivos da pequenas revoltas que eclodem pelo mundo.   
A juventude dos países em desenvolvimento é, como se sabe, o maior contingente populacional mundial e isso a coloca na mira do mercado de consumo internacional. O apelo ao consumo de roupa, bebida, games, equipamentos eletrônicos, automóveis e comportamentos, convive com a expansão sem precedentes do consumo de cocaína, maconha e crakc.  Esse padrão americano-europeu de consumo que finalmente se mundializa não pode suportar o fato de que o nível de emprego aqui, na Índia e no Chile  ainda é baixo e os salários nem se fala (embora tenha havido mudanças, que são constantemente capitalizadas pelo partido no poder).

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