Contudo, apenas quem não tem medo de nós e dos sonhos os quais somos portadores, pode se aproximar desses objeto-corpos desformes para distinguir iris de cores múltiplas. Elas medram e pulsam . Não são frutos da simples mestiçagem, como querem os antropobiólogos neofreyreanos, é o humanismo que o Ocidente jogou no lixo e que devido à dialética maravilinda do giramundo, agora somos herdeiros. No fundo das meninas dos nossos olhos, quando cessam as raivas vermelhas e se seca a lástima, se pode vislumbrar uma pequena centelha-bandeira, rota, mas ainda potente, onde está prescrita a liberdade futura. Boa semana a todxs que torceram e somaram, todxs puderam ou não comparecer ao Auditório Oscar Niemeyer, no Ibirapuera em São Paulo.
Por Paulo Henrique Sant Anna.
Espetáculo: 3 Mil-Tons ou Negras utopias:
Auditório Ibirapuera- 23 de Julho de 2016
Espetáculo poético-musical de 80 minutos, reúne alguns
membros dos principais coletivos de artes negras de São Paulo, como Cia Capulanas,
Clarianas, Cia Deodara e Coletivo Negro para rememorar vida e obra dos três
intelectuais afro-diaspóricos: Milton Santos, Milton Nascimento e Milton
Gonçalves. Criação do músico e pesquisador Salloma Salomão entrelaça suas
próprias memórias, canções e poemas, as biografias e produções dos 3 Mil-Tons.
O resultado é um panorama sensível de engajamento artístico, intelectual e
antirracista no Brasil, nos últimos 50 anos.
Projeto: Salloma Salomão,
Criação Coletiva, Figurino e Coreografia: Debora Marçal (Preta Rainha), Direção Compartilhada: Miriam Selma, Luz
(Levante Mulher), Marcio Castro (Zona Autônoma) e Jé Oliveira (Coletivo Negro);
Design Gráfico: Rodrigo Kenan; Iconografia: Douglas Arruda; Arranjos Coletivos
e Orquestração de Wellington Bernado, Guilherme Prado, e Salloma Salomão.
http://www.auditorioibirapuera.com.br/2016/07/07/3-mil-tons/
http://www.auditorioibirapuera.com.br/2016/07/07/3-mil-tons/
Cenografia: Visualmente buscaremos três padrões de representação
imagética, projetos de objetos voadores de José do Patrocínio, símbolos
gráficos africanos e (mapas) traçados urbanos de cidades brasileiras ( cidades
das geografias regionais de Milton Santos) e africanas a época do contato com
os invasores europeus Luanda, Loango, Ile Ife, Tombuctu, Mombaça, Melinde, . Arquiteturas de ruas e casas, monumentos,
tentativa de construir um discurso arquitetônico afinado com estéticas
africanas. As projeções podem incidir sobre diferentes pontos do palco. Para
cada seqüência narrativa um novo padrão
de imagens.
Animação e
design: Douglas Arruda e Rodrigo
Kenan.
Palco: No
palco dois Coros nas laterais, seis microfones com tripés fixos em posição
diagonal, 2 solistas com dois microfones e um ponto para violão no centro e num
ponto avançado do palco. Uma bateria na parte central ao fundo do palco com
praticável.
Tambores: Bateria de Felipe Godoy (Praticável baixo centro),
um par de sets de tambores. Um de cada lado, Fefê Camilo do lado esquerdo e Rafael
Franja do lado direito, também com praticáveis um pouco mais altos. As cordas
(7) formam um arco na frente dos tambores.
Ação
Dramática- André Bueno ( Palhaço
Branco), Martinha Soares (Palhaça Preta), Debora Marçal (Milton Santos),
Priscila Obaci (Milton Gonçalves),
Flavia Rosa ( Milton Nascimento). Naruna
Costa (Zumbi Mulher), Naloana Lima( Maria Maria).
Vozes e Percussão: Salloma Salomão, Naruna Costa, Naloana Lima,
Martinha Soares, Flavia Rosa, Jéssica Evangelista, Tatiane Saldanha, Filipe
Rossi, Elias Costa.
Cordas: Violão- Di Ganza; Viola- Cá Raiza; Cello- Klaus
Wernet; Violão e Guitarra- Guilherme Prado; Violão e Guitarra- Sandro Lima;
Baixo- Will Cavagnolli, Banjo- Wesley Bernado, Kora-Rogerio Temporin.
Sopros: Trombone- Wellington Bernado, Flauta: Jéssica
Evangelista, Trompete: Elias Costa, Clarinete, Flauta e Sax Soprano: Filipe
Rossi, Sax Tenor: Denys Felipe.
Musicalmente
buscaremos nos afinarmos a estética do Som Imaginário, banda que acompanhou
Milton Nascimento nos primeiros Discos. Uma dose de harmonias dissonantes, mas
com suavidade, detalhes de percussão ( Naná Vasconcelos), com timbres limpos e
efeitos viajantes nas guitarras e sopros com notas longas e destaque das
madeiras (Flautas, Sax e Clarinete).
Nenhum comentário:
Postar um comentário