Salloma Salomão
Próximo livro CD- Notas
tortas da madrugada: Canções e Letras.
https://www.youtube.com/watch?v=RPUK0wYKsYo
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Testamento
sonoro. Salloma
Fotos de Wilson Cortez.
Fotos de Wilson Cortez.
Se o
futuro é feito apenas de finos fios de desejos, o passado só pode ser
transcrito com lápis de sombras e brilhos... Meu tempo é esse. O relógio sob a
retina não deixa dúvida e nem escolha. A música me levou a lugares que jamais
poderia ter ido por mim mesmo. É maldição e dádiva, é cultivo e desencanto. E
por mais longe que eu vá, Rio Branco ou Paris, Cocaia e Santa Cruz, Ilhéus e
Dacar, ela é almadia. Araquari e Lumiar, Bela Vista e Grajaú, Penha e
Copacabana, Guiné Bissau e Perdizes são sempre as mesmas canções-canoas. Ouço,
ouça, Donana lavando roupa, Dusantos secando louça, Antonio fazendo flauta bambu
no serrote artesanal e arco-de-pua,
violino compensado rangendo, tacho de cobre cheio de doce, cavaquinho plangente
eletrificado. Só herdei as ferramentas e uma viola de arame. Pra que mais? Tenho
tino, tenho timbre, tenho senso. Não posso negar, caipira preto é o que sou,
trago sempre no bornal uma pitada de congo, uma viola D‟Angola, como um banzo do futuro. Meu lugar é o erro,
aspiro a memória do mundo. Pausa longa, performance do nego Jansem “moleque
zaranza” num festival lá nos fins dos sessenta. Umas fotografias rotas e outras
rasgadas, prisma em preto e branco deles e saudade. Sempre é uma re-volta a
cantiga do Dedé: "não me chame de negro da alma branca...” no festival de São
Sebastião do Paraíso, num inverno qualquer de 1979, com João Terra, João
Batista da Silveira, Vandré e Lord Bira da Silva.
O
chão de terra é semeado de rasqueados de violas negras, calangos e pagodes roceiros.
Ngomas são senhoras de couro e madeira, células rítmicas milenares, segredos
abertos. “Moda de viola não dá luz a cego”, canções do sargento pimenta também
não. Só entendi o grunhido da guitarra quando ouvi a Mbira envenenada de
Francis Bebey. Sou caipira preto, fugitivo para um quilombo eldorado, mas a
cidadela é murada, cercas elétricas indizíveis. Não fui a portobello road, mas
ouvi a canção que me veio do Suriname, senti aqueles acordes consonantes do
reggae e vi quando os primeiros rastas entram altivos na metrópole e desceram a
Martiniano de Carvalho. Só eu vi que cidade parou Jorge Porttugal. As soberbas
de São João Batista do Glória moravam lá.
Nem tudo no asfalto é duro. James Brown e Al Green moveram meus olhos e ouvidos para norte, bem depois que me veio os Black Panters, Richard Wrigth e James Baldwin Quando
o amor me visitou, Ezir morava com a mãe num prédio nobre no Brooklin, mas não em New York, mas em Santo Amaro. Porteiro
de pequeno porte me interditou a mando dela. Claro que não foi a primeira vez
nem a última, que senti o frio que vem do norte. É preciso esquecer, mas não
perdoar, ponho na canção o trauma, o medo e todo, todo lixo que sai de mim.
Tem
uma coisa na canção que me alimenta, uma alegria contida, como uma oração
presbítera em forma de canto de umbanda, amalgamados e fundidos. Desde o
começo. Roda de pai oxalá foi minha primeira cantiga, defendida em um festival
no ensino fundamental com Raquel e Ana de Lucas e Susana Pimentel, Violão e
tambor, e só. Depois que veio e Inhola Trio. imagine a saga, uma flauta doce e
dois batuques, fecharam escola para um show, cobramos ingresso e tal. São Paulo
e Minas Gerais, mas “não sei se vou, não sei se fico”, minha dúvida e de
Martinho, chegamos juntos. Ele pelas ondas do rádio, long play na eletrola de
pilha, sob a lona preta no Jardim Miriam. Eu? Via estação luz, chapando os
olhos nos arranha céus. Na escola um corpo de menina dança, cheiro, falo,
sonho. Periferia e cordel, pastel de feira e japonês, Harume, Kaoro, Mario
Nishigawa, Mitico, Ana Saiure, Akira S e che Guevara, diversidade total, humana
e real. Descoberta do mundo e encontro. Cubo da feira, clube da esquina, Jorge
Ben e Jorge Bruder, piscina cheia, lazer na periferia. Agora nomes parecem
remotos, Raquel, Eugenio Vinci, Léa, Marcão, Valada, Marcinha anos setenta, uma
escola uma quadra, um festival de música. Um pouco de futebol, ponto de ônibus,
shorts cumprido, skate e ditadura.
Quando
meu mano Abraão se foi , eu nem senti, já estava aprendendo a perder, a cair
sem saber, a chorar pra dentro.
Do
terreiro surtido nas Gerais à mesa parca, ao terreiro minguado na beira sul,
arreia de brejo, terra morta. Pencas de bananas em fim de feira e a merda
voltando pelo ralo, rua das laranjeiras na Catarina. Lá se foi o dedo do Gerson
na máquina de concreto. Confesso que era um espetáculo o corpo nú daquela
alemoa na janela.
Cinema toda tarde, coisa de menino nos olhos dos
crescidos. Troca-troca e punheta, revistinha e fantasia. Eita molecada. Pula
essa parte.
Um
cobertor bem quentinho com dragão chinês estampado, nada se perde em são Paulo,
obrigado Bete Ng. Como foi que um cobertor chinês atravessou os oceanos? São
Paulo também tem carinho. Betão, Rubão, Broks, Claudionor. Corpos negros
masculinos em profusão, virilidade do futebol, sou eu, Pelezinho, canela fina,
fujão. Num mundo tão diverso, tudo era branco demais. São Paulo é poder, foder
e cair. E sonho dantesco no semáforo. Cida Ângela, Zaire, tranças e contas no
cabelo é orgulho negro, black power, irmandade e desejo, dançar soul no chão
batido. Hoje não tenho mais medo de bala, corro em zigue zague, meu corpo não é
fechado, também sei sangrar. Não vou morrer de tiros no campinho, de bola na
quadra do Monsenhor JB de Carvalho, me intriga esse sobrenome. Agora é tudo área
da Cooperifa, Marcio Batista, Sergio Vaz e Vaz de lima. Euller não conheceu
Anastácio e Verinha, Beiçola e Neguinxim, Al green e Ray Charles. Bloco do beco
e Originais. Samba soul e Nascimento, Melodia e Zamba Bem. Tudo Transa negra,
pertença, danças e amores de bailes, caba quando chega o busum. Rituais, becos
e muros do parque santoantonio (oh favela, canta comigo: “a subida do morro é
diferente, o movimento é geral”, bem antes de racionais mcs). Um universo no
corpo dela, bela Arlete, meu negro amor saltando pinguelas. Onde andará?
Viva
Vilma correndo da morte, Carlo-Marco, Maria de ontem é Cristina da Paz hoje.
“Viva a mata e os olhos verdes da mulata”. Saúdo seu zelo, porque seguem em
cantoria no velho mercado. Pra mim um santuário, escola e palco do Circo
Novessência e Na Corda Banda. Em plena ditadura da solidão, seguem amando a
música que está em nós, cantando para ir vivendo. Lembrança lomga Inhola trio, mulatos
quase brancos e velhos brancos bem racistas, mas pobres demais, sem força para
nos apartar. Né Bubina? Né Kolchereiber? Nem Pusinkas, nem Mandim, nem Cremm,
nem Bochiglieri. Meu amor nunca foi muito puro, confesso. Mas também quase
nunca aceitou fronteiras reais, nem simbólica, 4 p paz. Filosofia Miltoniana:
“Quero a quem quiser me amar”. Porque agora sei que só os afetos são eternos.
São eles que continuam vibrando quando os nossos corpos jazem frios.
Eloquência
da vida é Beto vovô e nega senhora, a índia mais linda que eu conheci. Vera é
vera, passou bem cedo, choramos e catamos seus sonhos. Foram tantos outros que
eu nem vi, não velei como Nenê. Não é morte, é ceifa: Sabão de Côco, Zédoido,
Marcio Caveira, Zédimas. Falo sério sobre subcidadania, da sobrevivência em
terra alheia que é sua. Nomes e listas nos bares, pés de patos e avatares,
matadores de aluguel, a cidade é uma maquina de moer gente. Exceto Rolnik, os
demógrafos nada sabem sobre nós, estudaram tanto, até que cobriram os olhos com
teias rendadas de números. Meu Estanislaw ( não Sergio Porto) era um branco bem
raro, bom de bola pra caralho, mas inviril e fingidor, cantou pra subir antes
de nós e foi só. Descobriu e quis nos mostra que amizade não é amor, é lucro.
Identidades em jogo de construção, operário Carlão, Frust, João Loruenço,
Tchak, Banana-Ana, Chicão, Marilena quase fome, criançada, subemprego e
marmelada. Para o poeta Nonô éramos todos metalúrgicos e nordestinos,
provincianos em revolta, comunistas, proletários letrados, mas sem a grana do
Caio Prado, do Carlos Prestes ou do Niemayer. Chico era um operário do BNH, no
violão de sete cordas, ele está são e resiste e seus ainda correm leves na
baixaria. Lá na igreja do padre Luis era seu Raimundo fazendo folia urbana,
subindo e descendo morros escorregadios, sob os olhos da velha índia de pele
negra, também registrada como Ana.
É poesia do Chico não meu véi, é vida vivida
nos Grajaús da vida, no lado que a cidade é partida, onde quase nunca se junta.
As cidades são miragens, os bairros são teares. Eu sou besouro de pau, se pá,
zunindo nos seus ouvidos. Feira de Santana e Bosque da Saúde, João Braga e Helo
“oh quão dessemelhante”. “Triste Bahia”. Novela afro grega e mexicana, amores
ameigos. Itaparica ta lá. Quando vamos voltar? Não creio. Nomes de gente, gente com fome, Carlos
Boquinha e Carlos Gianazzi eram, éramos Gil/Caetanos
da triste periferia. Triste Interlagos, Chico Czar fazendo turnê na Capela do
Socorro, Parelheiros, inda ouço “os olhos tristes da fita rodando no gravador”.
Um
neguinho foi esteio, elemento cumeeira Luis Rosa, Buda bantu. Plantou ruas de
harmonias pra eu navegar com meu canto torto. Notas que eu sempre pus na beira,
sem trena. Não só por isso sou muito grato. Lamentamos juntos nossos irmãos que
jazem aqui nesses campos de asfalto, fuligem e lama. Canções são sempre maiores
que nós, rompem o tempo ficam vagando e nada disso é eternidade. Tornar-se
irmão do irmão, contabilizando as perdas e ir costurando sonhos e risos, sem
vangloria, não é pra qualquer. É coragem sem tê-la. Oliveira árvore sã, seu
óleo é sacro, cabocla-negra, senhora filha da velha aroeira, indígena
parelheira, centenária. Pra cada perda uma poesia, para cada negra filha, uma
ilha amarrada aos pés continentais. Amor é da nossa condição animal, sem ele
não há como prosseguir.
Meu coração tava aberto quando ela chegou, perguntei
seu nome, mas, nem ouvi, só mirava na sua boca. Algo estranho me ocorreu sobre
sua cor rósea queimada do sol. Cor branca tostada na feira livre, seu cabelo
dourado e seus olhos marinhos de TV colorida. Mas não me ative ao texto da
interdição e exogamia. Racismo é ojeriza e ódio pelo humano que vem ao encontro
e não pelo que se põe de costas. Como? Se eu não caibo em mim mesmo, se eu nem
existo pra mim...como poderia existir para o outro? “Mesmo que os racistas
vençam, ninguém poderá me roubar a memória, das marcas dos meus dedos em suas
costas”. Há sempre uma mulher chamada Ana de prontidão, nome de baptismo, segredo da vida em desalinho, fêmeas soberanas.
Tem
muita alegria e vitoria espalhada além de santoamaro, Miranda d‟Ouro é canto puro mundo
inteiro, Maga Lieri com alma amansada pela dor, também canta humilde e
divinamente. Conheci outras tantas mulheres negras, não na cor, no mundocanto,
cujas formas ainda busco. Passarinhas negras como Sara e Geni, ora. Oração,
inselença e Kalunga Zambi. Os fragmentos dos seus corpos geraram outros bem
mais fortes, como de Danusa Novaes, Meire Palma, Nádia Rosa, Luan, Marcus e
Marina. Desconhecidos de Filhas, filhas e irmãs. Detalhe: são portadores de
cantos negros cultivados, herdeiros daquelas mulheres. Novamente famílias
negras acolhedoras nas beiras de Diadema e Jardim Miriam, por onde passei ao
chegar. As crianças vingaram, estão forras e a cidade os habita, ainda que vivam na
beira.
Outros
caipiras urbanos, de caralhos rubros, alma cheia e cabeça oca, broca ou fábrica
de filhos. Não. Como eu, são apenas homens assustados e sustentados por dois falos
e uma perna, um pau-de-fogo, uma paranga ou uma zumba. Sobre os filhos deles,
não fossem as mães seguras e velhas, gente que cria e recria a si mesma, desde
que o mundo é mundo, teriam sido engolidos pela enxurrada, tragados pelas ruas.
Não me furto ao papel de juiz e serei julgado pelo por tudo que fiz e pelo que
não fiz. Melhor assim, do que passar incólume.
Hoje
eu sei quem sou e o que me tornei. Um homem negro. Meu ser está preso nesse
corpo melanínico e fálico. Espasmos frouxos de desejo, relampejou na pele e o odor se espalhou. Sinto daqui de dentro desse troço-móvel
que a justiça, a polícia e os racista de todas matizes, simplesmente me odeiam.
Apenas meus irmãos e irmãs tateiam cegos os escombros da cidade para me achar no corpo.
Ele, apenas me sustenta no mundo e eu o sinto pouco a pouco me desencontrando.
O mundo.
Como
Jansem sou alfaiate, a canção é a
costura pacientemente feita entre a luta cotidiana e as vidas ao derredor. Banda
Tribbu, Vândalos de Chocolate, timbres e sonhos, medos e tons, sons que
arrebatam e fazem o corpo reviver. Em conjunto as canções formam flashs
iluminados, nas rotas escuras da corrida encarniçada pela liberdade. Satranga
de lima seria um caso a parte pela generosa reciprocidade e vigor. Uma lição
viva de afeto, pelo gesto e pelo cunho francamente libertário de sua canção,
pela radicalidade como viveu e vive seu amor pelos outros homens, desde quando
se descobriu livre. Nos dois nas beiras gélidas do sena, canções, luzes e
amores na cidade rica.
Me
desculpem, mas os canabistas adeptos sinceros tendem a falar muito sobre o
mesmo, mas ao menos não se quedaram em dog-máticos cruzadistas. Tendência
avassaladora atual. Nessa margem externa dos pinheiros quase todos os bares
foram reformados e convertidos em casinhas de cambio jesuíticas. Há muita
música de transe e grandes amigos nossos, hoje vivem lá. Esperam a salvação ou
campeiam algum trocado, a vida é dura mesmo. Constato apenas. Nesse caso
específico não julgo e nem, não lamento.
Os
girolamo-scantamburlo e schultz serão sempre parte de uma reserva afetiva
interrracial e não importará o que acontecer daqui em diante, quando todos os
racistas emergiram de suas tumbas, só pele, osso e DNA. Nego Jansem frisava o
quilombo imaginário de santamaro e a noção do triplo pertencimento, sem saber
das revoltas indígenas do século XVI, imaginário em expansão. Negros claros e
brancos caídos, circuncisos ainda meninos Gil Assis, Chechetto, Sechanechia,
Urbano, Binho, Telmo anum, João grande, Beto de Tore, Carrasco, uma quantidade
infinita de nomes, certezas e tons de pele. Novamente canção, feixe de ego e
cisão. Não é geografia sonora, é infixidez do território, seminomadismo tonal,
zona fronteiriça entre a música e a dúvida, entre a dádiva e a maldição Bandas Tribbus.
Tigrão e Célia, Magnólia, Eufra e Mauricio, meus mestres me ensinaram a arte de
ficar invisível e a coragem sonhando.
Aprendemos
pela experiência cotidiana, que por vezes o viver do lado de cá da ponte é
marcado por um sentimento terrível de holocausto, que não cessa nunca, dezenas
de vidas ceifadas numa única noite, é aterrador, sufocante. Circuncisos na vida adulto, eu,
Caminha, Mano, Godoy, Suete, Salete, Tai, Elcio, Caçapava e os Fischer. A arte
nos parece ser única coisa capaz de dar um contorno compreensível a essa nuvem
de silêncios e narrativas sobrepostas, imagens recortas e sobrepostas, vidas
quase fictícias, temporaliadades e geografias entrechocadas. Por conta das
divisões internas, mal conseguimos saber de onde vem o chumbo. Sequer
conseguimos sustentar um teatro livre como aquele da Bielorrússia. A arte aqui
tem a ver com a urgência existencial das coisas frágeis, sopros envolvidos numa
engrenagem, quase sempre desgovernada e cruel. Clarianas, Capulanas, Quizumba,
Crespos e outros tantos negros coletivos, são bons presságios, um refresco para
tanta vida vã. Jurema e Kaká um dia hão de ver.Verá, fomos poeira do mesmo
rastro no tempo. Aqui vai em mim, Allan da Rosa e Fuzil, adormeceu Donanena. Um
crescente fértil Mboy, Pirajussara e Zavuvus. Também tento ser semente
ngaguelano no chão da Mombaça. Do quilombo ouro melinde, beleza e graça. Soul
da nova tribo de Sumé-Zambi. Crico Novessencia agora é regra, circo-teatro-musica-dança lembra.
Pode ser por culpa da escola e das professoras que me deram
trela, foram tantas, uma Alcione Abramo, outra Angelina. Nunca me escolarizei
por completo, conquanto doutor semialfabetizado. Me fiz um juntador de letras,
um catador de palavras e algumas frases com eixo. Sou letrista que canta. Como
disse a educada Teles, portfólio de pouco verniz. Tavares é silvicola, menina boa e erudita, bem dita, bem vinda um caixeiro viajante, cordelista pós moderno. Então me dá
licença! Quero entrar no seu campo de sentidos, para ver se minha vida ganha
algum. Prometo não ficar rico, mas me perdoe se eu ganhar algum trocado nesse
mercado de afetos e cismas. Estamos a caminho de Tonande Porã. Viemos em porões,
mas humildade mesmo, só diante do Deus-Tempo. Único senhor medroso e também por
isso, implacável.
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