Diferentes materiais ( imagéticos, literários, performáticos e musicais) têm sido aproveitados para confecção de um novo espetáculo musical,CD album e DVD d
e Salloma Salomão e o Profetas do Após Calipso.
Banda Profetas do Após Calipso. Mateus, Denys, Diego, Guilherme.
O processo criativo começou em 2013- A partir de oficinas de teatro realizadas com alunos na Fundação Santo André por João Lourenço.
Em 2016 a idéia central foi retomada e desenvolvida como enredo textual e argumento para História em Quadrinho.
Augusto Miranda já havia sido contatado como ilustrador.
Agosto na cidade
murada.
Salloma
Salomão e Banda Profetas do Após-Calípso. Guilerme Braz, Dennys Felipe, Mateus
Batéra, Diego Champi, Eloiza e Estela Paixão, Martinha Soares, Talita Araújo e Marcio Castro e Anna
Raquel convidados.
Direção:
Jé Oliveira e Mariana Souto Mayor
Ilustração- Augusto Miranda
Tratamento Visual- Rodrigo Kenan
Edição:?
Videografia- Carlos Massinge Banto (Boa Cumba Cine)
O Narrador. Benedito Hamapate Bâ da Silva. Por Augusto Miranda.
PRIMEIRO ARGUMENTO
Arranjos
de Guilherme Braz e Salloma
Um
filme-quadrinho-teatro-musical rocker kaipira, ou sertanejo intelectual. Um
mundo fantástico, pseudo surrealista, revelado por cenas de quadrinhos
animados, teatro filmado e música orgânica digital, executada por uma quarteto
rocker e convidados. Uma metáfora da encruzilhada estética e política
contemporânea. Finalmente a sociedade foi dividida por um muro visível e é
governada por um homem misterioso-exibicionista que adora e faz com que todos
adorem um Deus-Cachorro-Urubu. Mito de origem nórdica remota, conhecido
purificador de todo lixo e impureza humana (Um deus que incentiva fazer o “serviço
que tem que ser feito”). Nas devidas proporções reina a paz e prosperidade,
tanto fora, quanto dentro da cidade-condomínio.
Além dos muros da cidade só há
dois tipos de pessoas: Os malditos e
os naïfs. Ambos devem ser cotidianamente
coagidos, controlados e vigiados. Seus filhos fazem ensino básico e aprendem
rudimentos da língua mátria e operações matemáticas básicas, também devem aprender
desde bem a realizar todas as tarefas produtivas e de manutenção da cidade,
inclusive a segurança junto com cães chipados. Os naïfs, chamados assim, não por serem ingênuos, mas por serem de boa
vontade, anualmente são premiados com bilhetes especiais, e com isso podem
ingressar e até morar definitivamente dentro do condomínio, se tiverem recursos
mentais, morais e financeiros para tanto (morrem principalmente de ansiedade e
obesidade mórbida).
Matheus, Estela, Guilherme, Salloma,Diego, Martinha, Eloiza.
Os cândidos não
gritam e nem falam palavrões, vivem no interior do condomínio e estão livres de
todos os vícios, raivas e contradições. Consomem principalmente alimentos
orgânicos, água mineral gaseificada e leite tipo-A, vivem de sombra e água
fresca, festas orações e contagem de dinheiro entre os muros e somente saem em
certas circunstâncias (fazem yoga e somente morrem de velhice). Praticamente
não são expostos ao sol, por isso, com o passar do tempo adquirem uma aura
santificada e um tom de pele bem alvo. Alguns conseguem obter a transparência
ao pronunciar várias vezes ao dia as palavras gratidão e generosidade. Entretanto,
um incidente põe em risco todo equilíbrio social e a segurança mútua, quando
dois jovens naïfs surtam durante a
vigésima festa anual do Deus Cachorro-Urubu. Ao mesmo que um grupo de malditos (que antes só faziam falar
palavras de baixo calão, se matar e morrer todos os dias de punhal, bala e
câncer) abre uma fenda no muro da cidade.
Estudio Medusa- Lapa SP Martinha e Eloiza. Técnico Janja
DESENVOLVIMENTO Agosto na cidade
murada.
Dramaturgia e animação
indicativa
Salloma
Salomão e Banda Profetas do Após-Calípso. Guilerme Braz, Dennys Felipe, Mateus
Batéra, Diego Champi, Eloiza e Estela Paixão, Martinha Soares, Talita Araújo e Marcio Castro e Anna
Raquel convidados.
Direção:
Jé Oliveira e Mariana Souto Mayor
Registro
videográfico: Lério Carlos Massingue Banto
Personagens
essenciais para música, animação e teatro.
Beleleu Hampate Bâ
da Silva. (Maldito)
Narrador - Velho mameluco libertário, +Contador de histórias sem pé nem cabeça,
avô dos gêmeos, amigo pessoal de Bebeléu, do baterista Gigante Brasil e do
percussionista Lord Bira. Um dos organizadores
das primeiras feiras culturais da Vila Madalena, antes da cidade ser
murada. Migrou para Mato Grosso onde dirige uma comunidade alternativa.
Elaine Afolabi
Manzambi da Silva (Naïf) - Jovem mística, líder dos Pardais (fiquei muito curiosa para ver como vai se desenrolar a
história dos pardais...Akinjide tbm é do bando?) EU TAMBEM, herdou a
capacidade imaginativa do avô paterno, senso de liderança e é estrategista
imbatível. As vezes faz xixi na cama.
Ricardo Akinjide - (Naïf) - Jovem prático e tímido, incrédulo e medroso, amante de tv e
ficção científica. Inventor de traquitanas tecnológicas e estudioso de
religiões não cristãs. Procrastinador nato e comedor compulsivo, adora
refrigerantes, doces e sanduíches, enfim todo tipo de podre delícia. Filhos de mãe solteira.
Johnny Adorno O
prefeito. -
(Candido) Tem uma curiosa história de fortuna e ascensão social obtida antes da
construção da muralha. Prefeito (dono) da cidade, ególatra e caricata.
Construiu a cidade murada e a transformou em uma máquina de negócios lícitos e
ilícitos. Afável em público e sádico birrento no privado. Tem ojeriza de gente
pobre. É praticamente um rei, que controla a vida de todxs, tanto da parte
interna, como da área miserável e
externa da cidade. Criador do culto do Deus Cachorro Urubu. Um deus justo que
está voltando para purificar a cidade. Casou-se com uma fêmea pastor-alemão,
com que vive e é fiel. (muitos risos aqui! Mulher loba e
outros mitos contemporâneos sobre o feminino ideal, anima, selvagem, arrebatadora
e porque não mulher do Funk , as cachorra!!!)
Noêmia Webber-(Naïf) De família nobre. Sobrevive
trabalhando como Passeadora de Cachorros. Mães dos jovens Afolabi e Akinjide,
era professora de sociologia em uma renomada universidade confessional, quando
sua instituição faliu e sua disciplina foi definitivamente extinta dos
currículos escolares. Se envolveu com um hippie negro, poeta delirante, bisneto
de Lima Barreto, apelidado Imbélala. Ficou “curada” depois de participar de um
programa governamental para dependentes químicos.
Edna Sathler- (Naïf-Cândida) Chefe de
segurança interna, ganhou status pelo uso da violência hiper-racionalizada contra
os pobres e subversivos. Antecipa coisas ruins que podem acontecer aos jovens.
Sara Elton Panambi- Espirito dos índios tapuias é
considerada a protetora. Espirito da cidade, zombando e rindo, fala em
fragmentos e de forma enigmática. Ronda a cidade, atrás de proteger pessoas que sofram uma disfunção
psíquica, lampejos de liberdade ou rebeldia.
Banda Pop Rocker
baixo, guitarra e bateria e quatro vocalistas no Palco.
(Ideia
geral – O cenário apresenta um aspecto
devastado dando a impressão de fim ou de resto de algo, como terreno da grande
São Paulo após desocupação. Um fim de
festa, um evento de playboy, um velório modesto...enfim. Maquiagem pesada,
figurinos desestruturados...sempre fumaça e luz âmbar, tons pasteis e
acinzentado, não como recursos cênicos, mas como personagens . Uma espécie de
conflito entre o claro e o difuso. Incidentes sonoros: uivos, ruídos...música,
sempre música).
Coordenadas gerais:
A
estrutura do espetáculo tem UM PRÓLOGO E QUATRO ATOS. Narrativa antilinear, que
começa e termina com a queda do muro. (– vai se dar nos
quadrinhos? Na música? SIM na ação do atores em interação com a banda) Todas
se iniciam com animações de 25 segundos intercaladas por canções e cenas curtas.
Os personagens sempre saem do fundo do cenário e passam entre o coro e voltam.
PARTE I-Intro- Animação
projetada no telão _ 25 segundos de Duração.
Cena1- O
prefeito está dando uma entrevista sobre
a invasão da área murada da cidade, quando começa e se sentir mal. Delira e nas
suas miragens podemos visualizar um homem com vestes sadomasoquistas se contorcendo,
uivando, grita e chora ao mesmo tempo, enquanto é olhado por uma figura feminina com máscara de cachorro. (fiquei na dúvida de quem são os homens com vestes
sadomasoquistas. Eles reaparecem? Tem algo de urubu-cachorro? (SIM isso mesmo, imagens físicas e
virtuais que de vez em quando espreitam a cena)
Me parece que seria legal tbm imagens da própria cidade, antes do
embate de imagens entre prefeito e jovens – penso que para não resumir a
história ao conflito entre jovens e prefeito –
será que se mudasse de prefeito as coisas estariam melhores. Até poderiam estar..mas e a
estrutura? ) SIM Sugestão aceita, mas a cidade só
existe para os humanos, elxs constroem e
vivem a cidade, mesmo para aqueles para os quais ela é negada.
Cena 2- No alto de um prédio abandonado
um grupo de jovens olham para a parte murada da cidade entre skates e o som
portátil antigo (Igual dos primeiros BB). Veem fumaça e uma grande movimentação
de carros. Se cumprimentam e comemoram alguma coisa, estão eufóricos, um dança
enquanto outro anda de skate.
MÚSICA 1 - Entrando em cena Canção. Coro
leve e aberto, como se fosse uma canção de trabalho, mas sem acento rítmico.
“Toda revolta” . Toda revolta/ Um dia ela volta/ um dia a revolta vem/ Toda ré
é/ Toda revolta/ um dia ela volta/ um dia a revolta vem (Duração 60 segundos) (muio bom!!)
TEXTO 1- TEATRO- Prólogo 1
Sara Elton Panambi- (Dirigindo-se ao público) No
futuro, dependendo da maneira como seja contada nossa história nesta cidade
pode ser que as tiranias e grandes perversidades sejam convertidas em imagens
de beleza, liberdade e gozo. Duvidam
disso? Eu mulher tapuia, conheci de perto os bandeirantes.
As
artes não são necessariamente lugares de verdade. Mas aqui tem sido guardiães
das mais belas mentiras, protetoras dos criadores sem alma.
A
vida é o que é o que é. Da vida de alguém que realmente viveu, como eu vivi, há
tempos atrás como eu vivi não dá para tirar, nem por nada. A vida é, e pronto.
Agora, o sonho de viver, esse é feito de tudo que a vida é, daquilo que ela não
foi e mais daquilo que poderia ela ter sido, mas não foi, mas poderia ter sido.
(Duração 1:20) LINDA
FALA!!!
MÚSICA 2- Liberdade Guardiã. Solo de Eloisa
Paixão. Coro eloquente.
Intro
instrumental- Solo de Kalimba, Guitarra e voz. Se a liberdade é guardiã (Bis)/
Quando virá nos resgatar.../ Essa irmã que vem de longe/ Um dia vai te
procurar(Bis)/ Abraçada a multidão/ No céu de outubro ela virá/.... Será que ela
vem (Bis)/ Ou é você quem irá/ Voce quem ira/ (Duração 2:50)
CENA 2 TEXTO 2- PRÓLOGO. NARRADOR AVULSO, UM
OBSERVADOR EXTERNO-
Feriado
na segunda-feira que se se prolonga, se arrasta e corre lenta. É agosto e as ruas estão cheias de cães de
raça, eles reinam. As feras humanas disputam os restos de tudo, enquanto os
cães humanizados brincam sob olhar vigilantes dos passeadores. Só eles gozam obesos
e felizes nos jardins, porque não há mais crianças.
Na
área externa da muralha alguns como eu, ainda tem capacidade para sentir uma
melancolia doce e mórbida, que ainda paira no ar.
Apenas
adolescentes muito especiais, ainda não estão encarceradas, nem receberam chips
da eterna felicidade. Hoje sobrevivemos apenas, somos fantasmagorias de um
passado sonhado e não vivido.
Seja
Exu, seja eros, os deuses nos abandonaram por completo. A libido acabou. O
pouco que ainda pulsa em nós, não vale uma sincopa ou os batimento de coração
vagabundo e descompassado. O que sobrou do desejo foi convertido não em vontade
de vida, mas em fome-mercadoria.
Agora
liberdade já não passa de uma bandeira velha e rota, palavra perdida num antigo
dicionário. A violência é regra e o medo imobilizador reina.
Entregamos
sem resistência nossa liberdade em favor
de mais proteção individual, algo privado que eles chamam segurança. E
aceitamos o massacre cotidiano dos mais frágeis, contanto que possam preservar
intactas as nossas identidades, nossas meganarrativas.
Aqui
ninguém mais se importa com besteiras como racismo, injustiça, desigualdade e
outras tolices de um passado marcado pelo demagogia populista.
Finalmente
a verdade absoluta pairou sobre nós. A desigualdade é justa e a indiferença a
melhor moral. O bom Deus, é justamente aquele que nos incentiva a fazer o que
tem ser feito. Devorar os fracos e
limpar toda sujeira.
Fazem
agora 20 anos que essa cidade se tornou uma Zonautonoma, uma cidade estado, uma
ilha de prosperidade em um país miserável e decadente. Uma obra monumental e
derradeira inspirada no grande livro de Monteiro Lobato (o presidente negro).
Nosso prefeito perfeito, nosso lindo, nosso rei, nosso bei está exultante. Essa
é a semana da festa do Deus Cachorro Urubu. Viva a tortura e morte lenta.
(Duração 3 minutos) !!!!!
PRIMEIRO
ATO-
MÚSICA
3- O Bardo ou menestrel tocando um violão de cabaça. CORO NO FIM. ( duração 1
minuto)
MÚSICA
4- CHAMADA PARA O CORO- SOLO MASCULINO ( SALLOMA) ( Duração 40 segundos)
MÚSICA
5- CANÇÃO DO DEZ CACHORRO URUBU- Ele é o deus/ Daqueles que fazem o que tem que
fazer (bis)/ E o que tem que fazer? (Bis 2)/ Mais fiel, mais cruel, mais leal/
Mais fiel do que o dinheiro/ Mais cruel que um povo em cativeiro/ mais leal que
os generais/. Eis aqui nossos mortos/
Eis aqui esses outros/ Eis aqui nossos vícios. ( duração 1:20 minutos)
CENA 3- texto NOEMIA- DÁ UM PRENSA NO VÔ HAMPATE
BÂ.
Noêmia__Todos
aqui estamos com muita saudade de você, mas espero que não venha novamente
com aquelas ideias malucas, isso
influencia meus filhos. Tambem espero
que não fique andando a noite por ai, pois tudo aqui tá muito perigoso, você
sabe bem. (Ele a olha primeiro com espanto e desdém em seguida) Da outra vez
meus filhos se envolveram até naquela coisa de ocupação de escola. Muitos pais
foram processados por. Nós tivemos sorte. (–Noemia é contra ou a
favor das ocupações? É para ficar ambíguo?) ELA é mãe, teme pelos filhos, sabe dos perigos , tem
medo, como aparece no texto dos jovens.
Hampate
Bâ-____ (Balbuciando) O cachorro mordeu o homem, mordeu o cachorro. Quem tem
medo da noite, perde o que ela tem de melhor, mas vive mergulhado nela.
Noêmia_________(Irritada)
Lá vem novamente com as metáforas malucas. Olha aqui Beleleu o que falo é muito
sério. Voce pensa que essa cidade é mesma de quando você se foi. Não é não.
Está tudo dominado. Agora só da PT, PCC, PMDB e PSDB, é tudo crime bem
organizado. Lá fora você não duraria nem uma noite. Os cães te devorariam e os
urubus dariam fim ao resto da sua carcaça.
Hampate
Bâ____________ (Elevando o tom , mas com bom humor) Do que você está falando
Mulher, Não sei quem é Beleleu, Meu nome é Artur Bispo do Rosário, sou filho mais
novo de Lima Barreto e Estamira. Agosto
é um mês desgraçado é o tempo todo esses uivos ...eles fazem tantas
coisas com os cães e sempre nos acusam de prática de feitiçaria...( Retira do
lixo um papel amassado, desamassa-o e lê a canção). (muito
bom!)
MÚSICA
6- CANÇÃO VINHETA- MENÇÃO A ITAMAR. Solo Salloma, com banda e coro.
Chega
de conversa mole luzia/ Chega de conversa mole/ bla-bla-bla (bis).
MÚSICA
7- APRESENTAÇÃO DO NARRADOR-( Se dirigindo ao público)
O
que vou contar pra vocês/ É só mais uma lenda tola/ histórias para fazer
marmanjo dormir/ Mantando a boca aberta/ Histórias que eu não sei vivi,
aprendi/ Sonhei , não estou certo/ De um homem que virou cachorro urubu/ Numa
cidade partida. (é uma espécie de 2º prologo? Isso
ficou um pouco confuso)
SIM. Do ponto de vista musical pode ser considerado um prólogo.
(Segunda
a parte) Um homem cão/ um homem tão bom ( bis)/ Menino bonito, branquinho um
rei/ Um reizinho nascido só pra governar/ Meninos morrendo, nas quebradas,
vielas/ meninas correndo peladas entre os carros.
(Terceira
parte) Cachorro (bis 3) quem chama?/ Cachorro (bis 3) quem ama?/ Cachorro
(bis3) sacana!/ Cachorro (bis3) pilantra?
(Quarta
parte) O que vou contar pra vocês, que eu já nem me lembro/ O que vou contar/
Que vou contar/
MÚSICA
8- Entra chefe de segurança ( Edna Sandler)
Esse
velho maluco insano está incomodando vocês?/ Esse velho mameluco está,
incomodando vocês?/ Sai daqui! ( bis) Eu disse sai, sai! (Repete) (FIM DO
PRIMEIRO ATO)
SEGUNDO
ATO
Animação-
visão panorâmica e aérea das duas aeras da cidade, SEM TEXTO
MÚSICA
9 INSTRUMENTAL PESADA- JETRO DO GRAJAÚ
Com as músicas que vc mandou
Salloma, já dá pra imaginar bem a atmosfera desse show teatral. Eu gosto muito
mesmo! Do clima, personagens, visão de mundo, ironia, grotesco, sonoridades,
rebeldia... Da dramaturgia é possível ir para muitos lugares..que vc aponta
nesse primeiro ato. Aguardo os próximos textos/ comentários para conversarmos!!
Segunda ou terça próxima envio mais.
Muito obrigado
Bjs
Lério Carlos Massingue Bantu
Martinha no alto, Eloisa Paixão e Estela Paixão, Estúdio Medusa.
Seguem Estudos Augustianos
Para Augusto Cerqueira.
Outono nos arredores da cidade murada. Não é dramaturgia. É prece e liturgia. Oh Santo Antônio dos revoltosos. Kimpa Vita Aleluia.
Final de semana feriado. Minha filha bate no quarto e são umas 8 da manhã. Pai! tem um homem ai te procurando no portão. Hã!?. Sexta da paixão essa hora, deve ser algo ruim. Sonolência prostração, um homem negro com um fiat vermelho. Papeis na mão, austeridade, frase irônica . Tava dormindo? Olhando a baba seca no canto da minha boca. Emenda: Oficial de justiça. Resumo: A PUC SP me cobra 14 paus e tanto. Tô tentando manter o emprego, tô andando cabisbaixo e medindo as palavras, controlando os pensamentos. Tenho muita insegurança, tenho medo de tudo. Ele entra na minha alma, captura meus temores. Vocifera: Se o senhor não providenciar o dinheiro em três dias é penhora. Pergunto: O senhor ganha para fazer isso? Penso comigo: Ganha quanto pra meter pânico em gente preta e pobre como o senhor? Não, quase nada, apenas setenta e poucos reais, tá escrito aqui. Ah... tá bom. Onde tenho que assinar? Assina aqui. Ok. Vai subir voando abutre. Eu tô cantando, internamente eu tô cantando. Ontem fui visitar meu cumpadre Vitor. To cantando uma cantiga de Solano em nome de um dia e melhor. Tô cantando.
Segunda fria, garoa. Vou ao Forum de Itapecerica. Um prédio dos anos 1970, perto da mata, todo úmido e feio, justiça para pobre é em prédio decadente, para rico mármore branco. A justiça é bem injusta, penso.
Insisto em vão que um funcionário me dê a senha, para acessar o processo. Não!! Antes do meio dia, só advogado ou estagiário. Público em e geral só abre as 12.30. Eram dez da manhã, lá se vai meio dia de trabalho. Em plena segunda. Vou andar no bosque, consumir minha revolta, espairecer, absorver o baque. Volto as 12.20. Garoa é mais intensa a fila no lado de fora. Cada rosto marrom claro ou tez escura naquela fila sou eu. Gordo ou magra, velha ou jovem, corpos arcados ou não naquela fila maldita e desdobrada de mim. A garoa batendo fria em nossa cara. Chinelos de dedo, sapatos cambetas, jaquetas rotas de couro sintético. Como podemos suportar sem ficar doidos? Sem sair por ai numa manhã fria dessas procurando os Odebrecht, os Malafaia, os Camargo Correia, os Temer, os Setubal que produzem isso? Todo dia, todo dia, todo dia? Riem de nós, todo dia. Durante a sua vida riem todos os santos dias.
Como ele pode sorrir de nós daquele jeito? Sabendo-se impunes riem. Rindo gostosamente pro juiz, pros advogados, para câmera da globo. Rindo no centro daquela cidade branca, europeia, planejada. Com todos os dentes da boca na boca de homem velho e milhardário. Ele e a globo que tanto riem de nós. Quem orquestra tanta riso? O Schroder, o Ali Kamel, o Alexandre Gracinha, o Demétrio?
A gente na fila do forum pagando uma dívida ancestral com a Fundação São Paulo. Nossa dívida milenar com a cúria, com a diocese, com a arquidiocese, com o banco do vaticano, a santa sé, com padre Alberto, com Marcelo Rossi. Nossa fé pequena e morta naquelas igrejas setecentas cravejadas de diamante e placas de ouro? A pontifícia universidade católica vai tirar de nós o escalpo durante quantas gerações mais? Ainda somos negros. Mas já não temos mais pele. Eles não acreditam. Tamô na carne viva.
A dor só gera dor? E nada mais que dor? Gilroy acha que dor negra vira arte. Em que parte da lógica cristã dele eu me perdi?
O
seminário “Raça Negra e Educação 30 anos depois: E agora do que mais
precisamos falar?” é dedicado ao resgate das temáticas publicadas na
revista Cadernos de Pesquisa n. 63 “Raça Negra e Educação” que completa
em 2017, 30 anos. A proposta é realizar o encontro da geração
propositora dos textos de 1987 de atores e atoras que na atualidade
discutem as temáticas das ainda persistentes desigualdades
educacionais para negras e negros no país. O evento resulta de um
esforço conjunto entre o Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da
Universidade Federal de São Paulo (NEAB-Unifesp), Fundação Carlos Chagas
(FCC) e Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as (ABPN).
24 Quinta
13h45 - 15h25: 5 MESA 5 Novas coletividades e a agenda de educação: espaços formais e informais
André Luiz de Figueiredo Lázaro - UERJ
Carolina Rocha Silva - UERJ
Joana Célia dos Passos - UFSC
Sidnei Barreto Nogueira - USP
Valdecir Nascimento - Odara Instituto da Mulher Negra
Coordenação: Sandra Unbehaum - FCC
15h30 - 16h30: Debates
16h30 - 17h: Encerramento dos trabalhos - Comissão Organizadora
17h: Celebração - Atividade Cultural com Salloma Salomão
https://www.facebook.com/NEAB.Unifesp1/videos/467558640271849/