De quais matérias a vida é feita?
Sangue, carne, ossos e DNAs? Um tecido grosso de veludo? Uma máquina com um motor que bate em sístoles e diástoles? Uma força divina que te perdoa e pune? um sopro que ergue e mantém o esqueleto e o éter? Parece que não. É tudo isso e ainda mais. Então porque se desperdiçamos tantas vidas, assim? Nossas vidas. Porque meninos púberes, quase ainda descobrindo os segredos sob músculos partem sem nada dizer? Sobre os desejos que habitam como monstros suas carnes e hálitos. alguns teimam em querer escrever com suas próprias mãos seus enredos. Ficam na fila gritando furiosos. Transpiram e bebemos em segredo seus fluídos. Eles tentam desenrolar sozinhos seus rolos existenciais. Enquanto nós embalamos muito mais um mundo mesquinho de tão previsível. Qual a medida adequada para uma plena existência. Quando a dádiva se converter em martírio devemos seguir? Quando a solidão for um abismo, quando o silêncio insuportável. Quando carne da sua boca já não for mais meu alimento, meu alento, meu alívio? Estamos desnudos demais para levantar os braços e apontar os dedos. Todos nossos segredos pudicos hão de rebelar contra nós. talvez então nesse dia, os meninos estarão em paz. Não mais poderemos mandá-los para as guerra, nem transformar seu bailes breves, em joguetes perversos no pátio do senhor.
Romildo.
Salloma
Angelica Muller
Menino poeta, dançarino errante!!
Tanta alegria, tanta ousadia,
Pulsão de vida que num instante contagia
Daniel, era sempre amor a primeira vista
Menino, moleque, homem, mulher
Era, foi o que queria
Seja na loucura da noite
Seja na batalha do dia
Nasceu preto, olhos puxados e um sorriso largo
que era pura Alegria
Invocado, engraçado, safado, debochado!
Mas a vida desafia, as agruras todo dia,
Roubam brisa, roubam vida, roubam alegria
Peito insiste, poesia persiste
Mas coração e mente não resiste
Coragem de verdade
Sonho de liberdade
Esperança num enlace
E seu enorme coração
Já no seu peito não bate
Noticia nos abate, comoção em toda parte
Ah se ele soubesse que junto com ele
Foi-se de nós uma parte...
Tanta alegria, tanta ousadia,
Pulsão de vida que num instante contagia
Daniel, era sempre amor a primeira vista
Menino, moleque, homem, mulher
Era, foi o que queria
Seja na loucura da noite
Seja na batalha do dia
Nasceu preto, olhos puxados e um sorriso largo
que era pura Alegria
Invocado, engraçado, safado, debochado!
Mas a vida desafia, as agruras todo dia,
Roubam brisa, roubam vida, roubam alegria
Peito insiste, poesia persiste
Mas coração e mente não resiste
Coragem de verdade
Sonho de liberdade
Esperança num enlace
E seu enorme coração
Já no seu peito não bate
Noticia nos abate, comoção em toda parte
Ah se ele soubesse que junto com ele
Foi-se de nós uma parte...
Regina Santos
🍃🌹
★11/07/1989 +31/07/2017
Angelica Muller
Viver com a eterna sensação coletiva da corda no pescoço, que a qualquer momento algum do seus não vai mais aguentar e vai pular.
2015 um grande amigo não suportou o peso do mundo e pulou, suicídio. Preto, pobre, periferia numa Universidade elitista. Numa sociedade doente e racista. Desde o Tiago (PRESENTE!), resistir tomou outro significado pra mim.
Agora imagina você, os que vieram antes de nós e resistiram. Imaginem serem arrancados de suas vidas, desumanizados, o porão de navio no meio do Atlântico, um profundo sofrimento físico e mental. Lágrimas de sangue e sal.
Resistir à tudo isso (e muito mais), contar a história das nossas vitórias quase sempre apagadas pra nossas crianças terem referências.
Resistir à isso em meio aos infinitos estigmas de inferioridade, ainda ter que provar capacidade.
Resistir à tudo isso e pagar as contas, matar a fome e torcer para não ser morto pelo outro.
Resistir à isso em meio aos infinitos estigmas de inferioridade, ainda ter que provar capacidade.
Resistir à tudo isso e pagar as contas, matar a fome e torcer para não ser morto pelo outro.
Angelica Muller
Resistir à isso pra em 2017 ter que explicar pra ralé branca metida a militante intelectual que a estrutura é racista. 2017 explicar direitinho que nossas mortes são historicamente indignas. 2017 assistir impotentemente mais e mais Rafaeis Bragas encarcerados injustamente.
Colocaram a corda em nossos pescoços faz tempo e assistem calados a gente pular. Impossível julgar ou condenar um irmão que resistiu apenas por existir e em um determinado momento não conseguiu mais aguentar...
Oxalá que me deu força e ouvi muito atabaque pra tentar aliviar. Pra continuar a acreditar. Que Ele acalante o coração dos amigos e familiares do Daniel.
Cada nosso que sobe deixa um eterno vazio.
Atotô
Atotô
Anna Raquel.
Um jovem negro, pobre, um poeta consideradíssimo se enforcou na manhã dessa 2ª feira... Nosso poeta Daniel Marques da Silva
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