REP pós Racionais
Cultura musical jovem contemporânea no Brasil.
Nova cena da musica REP ( Ritmo e poesia).
Muitos amigos perguntam porque ainda não escrevi nada sobre
a nova cena Hip Hop e especificamente sobre os novos expoentes da música REP.
Respondo de forma incipiente e inicial a esse desafio aqui. Continuo afirmando
que aqui não tenho propósito acadêmico, ou seja, não é meu objetivo discutir a
Cultura Musical em uma perspectiva teórica, muito embora aqui a ali se possa o
identificar elementos das teorias sociológica e antropologica da cultura no
pensamento que desenho aqui. É importante frisar que quando isso ocorre, vem de
maneira não intencional, mas por vício dos ofícios que abracei.
Estão livres da estética, da poética e da ideologia criada e
veiculada pelo grupo racionais.
O grupo Racionais criou um patamar de altíssimo nível em
termos de musicalidade juvenil e periférica, entretanto se tornou um escola
musical, que involuntariamente condicionou e empobreceu a produção musical brasileira
por uns dez anos, por isso Ellen, Hachid, Projota, James Banto, devem ser
comemorados, ouvidos e compreendidos sem a subestimação que a minha geração
adotou em relação a GOG, MVBill, Racionais, Pavilhão Nove, DMN, Potencial 3,
Thaide e DJHum, .
Explicando melhor, a imagem de Racionais foi absorvida de
tal forma pelos jovens que sonhavam com um espaço social através da musica que
se tornaram um modelo a ser imitado, reproduzido, imitado. A coerência
apresentada pelo discurso, musica, batida e imagem do Grupo dificilmente pode
ser imitada sem se tornar uma caricatura pelos grupos posteriores, porque acho
que foi fruto de um conjunto de fatores interno ( características e habilidades
pessoais dos componentes do grupo) e fatores externos: contexto social, mudança
dos habito de consumo da população jovem e pobre, emergência dos movimentos
sociais negros na agenda política e seu impacto na esfera pública. Encontro e
trocas simbolicas entre lideranças do Movimento Social Negro e lideranças do
Movimento Hip Hop.
Um luta interna acontece simultaneamente no âmbito da
cultura contemporânea, a disputa entre mercado de consumo cultural (espetáculo,
entretenimento, lazer, comunicação, estilo de vida, etc) e contra-cultura (
coletivos, bandos, sócio-experiências, transculturas, mini-revoltas, etc) a
juventude e a principal personagem dessa historia e habita os dois lados dessa
luta. São jovens que hoje estão no comando de editoras, gravadoras, empresas de
entretenimentos e comunicação em geral e no lado inverso, no mundo do consumo
(mesmo em sociedades fragilmente inseridas no mercado global), são jovens
promotores e vítimas da violência urbana, são jovens os ativistas mais
incisivos da pequenas revoltas que eclodem pelo mundo.
A juventude dos países em desenvolvimento é, como se sabe, o
maior contingente populacional mundial e isso a coloca na mira do mercado de
consumo internacional. O apelo ao consumo de roupa, bebida, games, equipamentos
eletrônicos, automóveis e comportamentos, convive com a expansão sem
precedentes do consumo de cocaína, maconha e crakc. Esse padrão americano-europeu de consumo que
finalmente se mundializa não pode suportar o fato de que o nível de emprego
aqui, na Índia e no Chile ainda é baixo
e os salários nem se fala (embora tenha havido mudanças, que são constantemente
capitalizadas pelo partido no poder).
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