Artista visual e professor de arte. Mestre em Estética e História da arte pela USP.
Desenvolve pesquisas em arte africana, antropologia visual, arte barroca, fotografia e técnicas de desenho, pintura e modelagem em cerâmica no Balaio Ateliê situado em sua própria residência na periferia da zona sul de São Paulo. Acompanha as manifestações artísticas, sociais e culturais que acontecem nesse território e colabora para fortalecer as práticas antirracistas e combater aquela que são antidemocráticas na atualidade.
TINTA ACRÍLICA SOBRE TELA 2017 E 2018
100 X 150 CM
ACERVO SAMBA DO MONTE
IBEJI
EWA
IEMANJÁ
XANGO
OBÁ
OGUN
OSSAIN
OXALÁ
OXOSSI
OXUMARÉ
OXUM
NÃNÀ
EXÚ
Omolu. Jair Guilherme Filho. SP . A questão a ser colocada é como resinigficar com a devida atenção e relevância os vários conteúdos trazidos dos mananciais civilizatórios, introduzidos por pessoas africanas no Brasil? Como fugir as convenções e clichês de negritude difundidos pela indústria do entretenimento nos últimos 80 anos? Como dar relevâncias e conceitos estético-filosóficos tornado menos importante, a partir de uma hierarquia de matriz eurocêntrica?
Jair Guilherme tem acesso a vários conteúdos das formas africanas de expressão plástica. Ascendeu de uma perspectiva escolar e eurocêntrica para uma quebra radical dos paradigmas nos quais foi formado. Recomeçou do zero e ainda assim tem tido tempo e energia para empreender praticas inovadoras não só no sue seu trabalho, como estender suas descobertas, como pratica educativa aos seus alunos/as da rede publica de educação da Zona Sul da Capital Paulista. Essa condição assumida de intelectual orgânico e engajado, afro-diasporicamente posicionado, tal como sugerido por Stuart Hall em Da Diáspora.
Uma arte negra é antes de qualquer coisa, fundamentada filosoficamente em uma percepção insurgente e insubmissa de criatividade. Não foi por acaso que artistas africanos e negros se aproximaram dos modernismos, sem ser plenamente absorvidos por ele. O modernismo, artisticamente situado a partir da Europa e EUA é ainda uma ruptura ensejada, mas no interior da própria expansão ocidental.
Uma arte negra é antes de qualquer coisa, fundamentada filosoficamente em uma percepção insurgente e insubmissa de criatividade. Não foi por acaso que artistas africanos e negros se aproximaram dos modernismos, sem ser plenamente absorvidos por ele. O modernismo, artisticamente situado a partir da Europa e EUA é ainda uma ruptura ensejada, mas no interior da própria expansão ocidental.
As filosofias religiosas africanas reconfiguradas nos quilombos e senzalas por africanos/as que professavam diferentes cosmovisões permitiu que recebêssemos potes arranhados, furados, quebrados, mas as recombinações dos cacos, qual seja, interpretações dos signos, provérbios, células rítmicas, cânticos, orações, invocações, instrumentos musicais, corpos e objetos sacros têm nos levado a compreensões sofisticas e complexas, tão complexas quanto as próprias civilizações africanas, antes que fossem tocadas pelo colonialismo.
Então, visitar estes materiais construídos pelos espíritos originários e colocar em estado de alerta nossa capacidade de invenção de novos mundos. Contudo ao fazermos isso, também acendemos a ira do poder.
Jair trabalha com diversos materiais e técnicas: Pintura, colagem, escultura em madeira e modelagem me cerâmica. Com suas produções já participou de festival de Artes no Marrocos em uma primeira viagem ao continente africano.
Sua pesquisa passou nos últimos tempos por diferentes conteúdos advindos da museologia africana no Brasil, como os acervos do Museu Afro Brasil, MaSP e MAE-USP. Sendo sua preocupação quase que constantemente voltada as possibilidade de adequação de processos de autonomia criativa, para alunos/as do ensino básico público.
Nesse caso retornar ao aos velhos símbolos largamente conhecidos do candomblé de matriz Iorubá e lixar a superfície para obter novos contornos, relevos e cromatismos nos parece muito válido. Não é a mesma coisa já apostadas por prosélitos dessa ou daquela casa, nem é a velha ideia construídas por Raymundo Nina Rodrigues da existência de uma hierarquia civilizatória entre nagôs e bantus.
Jaír merece nosso apreço, nosso aplauso, nosso reconhecimento coletivo por tudo que já fez e faz pelas artes negras e da quebrada. Por mostrar um caminho de investigação constante, uma busca pela beleza de inspiração advindas dos complexos culturais dos quais somos herdeiros e sobretudo manter os pés sujos da lama da beira do rio Mboy.
Muito bom! Obrigado por ter apresentado.
ResponderExcluirestou lisonjeado, obrigado amigo, amanhã estarei praticando a minha arte com esse profundo suspiro que você hoje me causou...
ResponderExcluirViva a arte e os ensinamentos de Jair Guilherme!!!
ResponderExcluirAxé
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