Micael Soares, de São Paulo
Nascido em São Paulo 1996, cursou Relações Internacionais, esteve muito ligado aos movimentos que surgiram desde os protestos dos 20 centavos em 2013. Tendo adotado visão mais crítica a eles, se posicionou e começou a estudar a suas redes de manipulação da opinião pública, voltada para a juventude.
Na época a qual este texto está sendo escrito, o Movimento Brasil Livre já gozou e decaiu do status de maior força política na internet e talvez em termos de financiamento sem ser ao mesmo tempo um partido, com sites páginas de facebook do diretório nacional e de diretórios locais que estão desde subrregiões da cidade São Paulo, até municípios e bairros vizinhos, com suas lojas de merchandising virtual onde canecas, canetas, revistas, todo tipo de portfólio partidário, livros e revistas podem ser adquiridos.
Grupos de whatsapp e telegram organizam o movimento localmente, repassando informações para seus membros pelos meios de comunicações digital enquanto uma força tarefa na internet mantém a estrutura do movimento funcionando de maneira lisa, como um relógio, e youtubers, além influenciadores virtuais de todas as idades (mas principalmente jovens brancos de classe média ou alta) espalham "a palavra".
Conexões foram estabelecidas com todos os partidos da direita e extrema direita brasileira, seja liberal, conservadora ou em partidos sem ideologia que defendem interesses de certos grupos oligárquicos brasileiros, criando uma eficiente e sólida infraestrutura, o que leva a perguntas como: “De onde vem o dinheiro para construir tal estrutura?” e “Como ela se expandiu tanto?”
Inicialmente temos dois grupos que levaram a fundação do MBL, o primeiro sendo a filial brasileira de uma ONG estadunidense chamada "Students for Liberty, a qual os fundadores do MBL Fábio Ostermann e Juliano Torres faziam parte, e também a Atlas Network, uma grande organização não governamental ideologizada que tem como seu maior objetivo a divulgação do chamado "liberalismo clássico" ou "Libertarianismo" pelo mundo, financiando grupos com o dinheiro de pesados bilionários membros do mesmo, incluindo o Departamento de Estado norte americano, assim possibilitando que seus grupos financiados tenham como custear para que sua palavra se espalhe pelo mundo. Seus grupos financiados no Brasil são o MBL, o Instituto Liberal de São Paulo, o Instituto Atlantos no RS, o Instituto de Estudos Empresariais, a rede "instituto de formação de líderes" presente em três estados diferentes do Brasil, entre outro os quais compartilham uma matriz econômica em comum.
Todos estes grupos possuem um ideal econômico considerado quase que por consenso como retrógrado, eugenista e excludente, que é o liberalismo total, contra o sistema de bem estar social, contra cotas, contra até mesmo o sistema de saúde pública, pela privatização de todos os serviços públicos, escolas, enfim, um retorno ao século XVII. Geralmente adotado por pessoas sem qualificação acadêmica, nele temos um desdém até pela mais mínima questão social, uma desqualificação por conceitos que sejam identificados como “de esquerda” (mesmo que sejam ideias já abrangentes em todo o espectro político), e uma desqualificação da atuação do estado, em campos como saúde, educação, e até mesmo em campos mais técnicos como leis de trânsito ou regulamentações de segurança no trabalho e na produção de bens de consumo, como um dos textos acoplados a este mostra, certos libertários são contra a proibição da direção sob o efeito de álcool . Nas manifestações de 2013 nasceu então o Movimento Brasil Livre, o qual era na teoria independente da Atlas Network e acabou ganhando certo reconhecimento ao ser um dos movimentos envolvidos que tinham pautas de direita liberal.
O Movimento, já estabelecido, continuou suas operações e em 2014 conseguiu concentrar apoio proveniente de jovens de classe média e classe alta, principalmente do sudeste, devido ao cenário propenso a expansão de tal ideologias devido ao desgaste do PT, os escândalos de corrupção sendo cada vez mais explícitos e a operação lava jato em progressão, porém como sabemos hoje a própria operação foi direcionada principalmente ao PT para ajudar a criar tal terreno. Logo o MBL foi identificado pelo jornal El País como uma "Vanguarda" contra o PT, de certa forma era uma tentativa de construir no Brasil o que houve na chamada "Revolução Egípcia", contra o Ditador Mubarak, o qual foi derrubado em muito devido a coordenação de jovens utilizando da internet para organizarem-se contra o aparelho repressivo do Estado. Em 2015 a jornalista conceituada Marina Amaral destrinchou o começo efetivo da ofensiva de direita que estava a começar pelo país, tendo seu evento mór sido o "Fórum da liberdade" no Rio Grande do Sul, com a presença de figuras como Marcelo Van Hattem, Benê Barbosa, Jorge Gerdau, William Waack, Hélio Beltrão, entre outros, e como Marina Amaral demonstra em seu artigo "A nova roupa da direita" houve um direcionamento de forças para o que viria em seguida, não seria como em 2013 com vários movimentos lutando por causas diferentes, ás vezes até entre si, ou grupos universitários em busca de mais direitos e pautas progressistas, seria um direcionamento apenas, financiado com um cheque em branco de grandes oligopólios empresariais, com apoio amplo da mídia e com uma organização comunicacional impecável para a derrubada do PT e a instalação de uma política liberal ainda mais extrema do que a vista durante o governo FHC nos anos 90, um liberalismo antigo, ultrapassado e ineficiente para o país, mas extremamente proveitoso para antigas elites as quais tomariam parte neste processo.
O Movimento, já estabelecido, continuou suas operações e em 2014 conseguiu concentrar apoio proveniente de jovens de classe média e classe alta, principalmente do sudeste, devido ao cenário propenso a expansão de tal ideologias devido ao desgaste do PT, os escândalos de corrupção sendo cada vez mais explícitos e a operação lava jato em progressão, porém como sabemos hoje a própria operação foi direcionada principalmente ao PT para ajudar a criar tal terreno. Logo o MBL foi identificado pelo jornal El País como uma "Vanguarda" contra o PT, de certa forma era uma tentativa de construir no Brasil o que houve na chamada "Revolução Egípcia", contra o Ditador Mubarak, o qual foi derrubado em muito devido a coordenação de jovens utilizando da internet para organizarem-se contra o aparelho repressivo do Estado. Em 2015 a jornalista conceituada Marina Amaral destrinchou o começo efetivo da ofensiva de direita que estava a começar pelo país, tendo seu evento mór sido o "Fórum da liberdade" no Rio Grande do Sul, com a presença de figuras como Marcelo Van Hattem, Benê Barbosa, Jorge Gerdau, William Waack, Hélio Beltrão, entre outros, e como Marina Amaral demonstra em seu artigo "A nova roupa da direita" houve um direcionamento de forças para o que viria em seguida, não seria como em 2013 com vários movimentos lutando por causas diferentes, ás vezes até entre si, ou grupos universitários em busca de mais direitos e pautas progressistas, seria um direcionamento apenas, financiado com um cheque em branco de grandes oligopólios empresariais, com apoio amplo da mídia e com uma organização comunicacional impecável para a derrubada do PT e a instalação de uma política liberal ainda mais extrema do que a vista durante o governo FHC nos anos 90, um liberalismo antigo, ultrapassado e ineficiente para o país, mas extremamente proveitoso para antigas elites as quais tomariam parte neste processo.
E aconteceu, mas não como o planejado. Já com denuncias em 2016 sobre como partidos como o DEM e o PSDB estavam financiando o movimento, já com críticas e críticas sobre o viés da operação lava jato e sobre o processo de Impeachment, o impeachment foi aprovado e parecia, pelo menos para o MBL, que o caminho estava aberto para a volta da antiga ordem, os quadrinetos dos escravistas do império, os bisnetos dos oligarcas da república velha, os filhos dos empresários do golpe de 64 poderiam assumir e praticar sua ideologia novamente, a antiga ordem política havia conseguido modernizar seus métodos sem modernizar sua ideologia, e o caminho parecia aberto. O MBL, tendo nascido de dentro do status quo, tendo ficado eternizado em 27 de maio de 2015 com a foto tirada no dia da protocolação do impeachment de Dilma Roussef onde Kim Kataguiri aparecia junto a tantas velhas figuras da polícia em volta de Eduardo Cunha, não contou com uma coisa, uma figura atrás de Kim, a direita de Cunha, o qual representava não exatamente esse ideal liberal reacionário, mas sim os restos da ditadura militar, Jair Messias Bolsonaro.
O impulso criado pelo MBL e seus grupos similares, financiados pela Atlast Network, pelo Students for Liberty e por uma burguesia nacional retrógrada acabaram sendo efetivos, mas não na direção imaginada pelos seus “think tanks” . O anti petismo foi tanto, o Macartismo foi tão irracional, o ódio as mais básicas políticas assistencialistas foi tão forte que os que apoiavam tais movimentos não se contentaram com uma volta aos anos 90, foi criada uma onda de nostalgia pela ditadura militar, pela tortura, pelo desrespeito ao divergente e pelos direitos humanos, criando um cenário onde ironicamente os idealizadores de tal cenário eram “moderados” demais para ele.
Sendo assim, em 2018 o ano eleitoral chegou, o MBL apresentou seu candidato "perfeito", Flávio Rocha, dono das lojas Riachuelo, denunciado por trabalho escravo e adotando uma retórica conservadora devido a agora concorrência com Jair Bolsonaro, mas a idéia foi derrubada, a própria base do MBL força o grupo a troca-lo por um apoio formal ao Jair Bolsonaro. João Amoedo, outro representante da anarquia econômica liberal, outro dos engomadinhos de Ipanema apoiados pelos empresários da Oscar Freire, também foi neutralizado pela crescente, puljante, nostalgia da ditadura militar vindo da base de apoio, a qual era formada principalmente por brancos, sudestinos e sulistas, elitistas no pensamento, da classe média e da classe alta em São Paulo, o que por fim, no momento que Bolsonaro apontou o liberal da escola de Chicago e Pinochetista Paulo Guedes como ministro da fazenda, completou o casamento entre as duas ideologias: Nostalgia da ditadura militar, com políticias econômicas ainda mais neoliberais e eugênicas que as aplicadas durante os anos 90, e um ódio macartista a qualquer ideal, pensamento e partido que pudesse ser interpretado como esquerda, o que levou até certos grupos de direita e extrema direita a colidirem por não serem considerados "de direita" o suficiente.
E nesse cenário Jair Bolsonaro foi eleito.
E nesse cenário Jair Bolsonaro foi eleito.
Fontes:
Quem financia o MBL, jornalista independente
A Nova roupa da direita, agencia pública
Partidos políticos teriam financiado o MBL, Gazeta de Piracicaba
Não é uma banda de indie-rock, é a vanguarda anti-Dilma, El país
A foto de Kim, Cunha e Bolsonaro no dia da protocolação do impeachment
Texto do Intercept em inglês sobre a influência da Atlas Network na américa latina e como ajudou a diminuir a influência de governos progressistas
https://theintercept.com/2017/08/09/atlas-network-alejandro-chafuen-libertarian-think-tank-latin-america-brazil/
https://theintercept.com/2017/08/09/atlas-network-alejandro-chafuen-libertarian-think-tank-latin-america-brazil/
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